Muito prazer, meu nome é outono.

28.6.10

Conto sem fadas


Antes de contar mais uma vez a história que nenhuma criança escutou, mas toda menina com mais de quinze anos gostaria de viver, gostaria de fazer três observações.

Observação número um: Não era uma vez. Porque a história aconteceu muitas vezes, em inúmeros cenários, fazendo uso de centenas de diferentes personagens – nenhum mais ou menos importante, afinal, são todos os protagonistas de suas próprias vidas.

Observação número dois: A garota é extraordinária, mas não é uma princesa. O príncipe é só um idiota.

Observação número três: Como o título sugere, esse não é um conto de fadas.

Agora sim.

Era outra vez - em um lugar muito, muito próximo de você – uma menina chamada Cinderela, cuja vida era uma bagunça nada bonita. Sua mãe morreu quando ela era nova demais para se lembrar, e seu pai casou-se novamente com uma moça extremamente bonita por fora e por dentro.

Infelizmente, o pai de Cinderela também faleceu, e sua madrasta provou ser feia. Por fora e por dentro. Engordou 150 kg com a maldade que consumia em meio aos doces e - não satisfeita - fazia Cinderela lavar, passar, cozinhar e varrer para ela e suas igualmente gordas filhas.

É claro que essa situação não durou muito tempo. Cinderela era bonita e esperta demais pra ficar submetida às maldades da madrasta. Entretanto, por agora, não sabia o que fazer, ou por onde começar. Mas ela ia dar um jeito... Amanhã.

Todo fim de tarde, depois que havia terminado os seus afazeres, Cinderela ia assistir ao por do sol enquanto bebia Martinis preparados com gim barato. O luxo e o lixo. Aquele era o fundo do poço. Felizmente, quando se atinge o fundo do poço não dá pra descer mais. Ou você fica parado, ou arranja forças pra subir. Mas, com a recente morte do pai que ela tanto amara, Cinderela não tinha forças pra subir. Preferia beber e curtir todas as desgraças que já tinham acontecido a ela.

Ele a observava todos os dias. A garota mais triste que já segurou um Martini. Mas como era maravilhosa! Precisava tê-la, conhecê-la. Mas como exatamente faria isso? Ela já devia estar apaixonada. Afinal, se não é de amor, porque chora uma mulher? Chega por hoje. Precisa trabalhar. As espadas do príncipe não iriam ser amoladas sozinhas.

E a história fica assim por vários meses. Ela afogando as mágoas nas gotas de álcool, ele imaginando quem era o imbecil que a fazia chorar dessa maneira. Nunca se falaram.

Até que, num belíssimo dia, o príncipe resolveu que precisava transar. Digo, casar. E ainda não inventaram um jeito melhor de ser dar bem do que meninas inseguras, bebida de graça e objetos brilhantes. Ora, meninas inseguras estão por aí em cada esquina, e a coroa de diamantes e rubis não saía da sua cabeça desde que a ganhara (um dia depois do grandissíssimo-filho-da-puta-de-seu-pai morrer de enfarte na cama com aquela-que-não-era-a-sua-mãe). Filho de peixe, peixinho é. Faltava o open bar.

Então, nosso grandíssissimo-príncipe-louro-burro decidiu perguntar ao conselheiro real a melhor maneira de distribuir bebida de graça por todo o reino. O conselheiro, após três dias de árdua reflexão, contou ao príncipe sua grande idéia de fazer uma festa. O príncipe concordou de imediato! Chamaram a festa de ‘baile’, marcaram-na para a próxima sexta feira, às sete da noite. Convidaram todas as garotas solteiras do reino. O príncipe estava à procura de uma nova ninfeta!

Ao ouvir a notícia, Cinderela interessou-se imediatamente. Entrada gratuita, bebida à vontade! O único inconveniente era o enormissíssimo-gostosinho-que-era-aquele-príncipe procurando por alguém pra transar. Digo, casar. Porque isso significava que as suas irmãs, decerto, iriam ao baile. Putinhas de merda. Tanto faz. A melhor parte era mesmo sair de fininho quando a gorda da madrasta já tivesse ido dormir.

Ele trabalharia de garçom. Nunca havia segurado uma bandeja na vida, mas seria pago pelo serviço. E aquele era o dinheiro que faltava para ir logo embora daquele castelo, a fim de construir seu sonho de criança: uma pequena casa no topo da colina. Depois dessa noite, ele não teria mais nada a fazer por ali. Só sentiria falta do por do sol, e de todas as suas lembranças não vividas.

Chegou o dia do baile!

As irmãs de Cinderela – e todas as outras putinhas do reino – começaram a arrumação às três da tarde. Encheram a cara de maquiagem, compraram vestidos novos, colocaram os melhores sapatos (com os maiores saltos), passaram chapinha no cabelo, penduraram argolas nas orelhas... E ficaram, por fim, um pouco menos horrorosas.

Cinderela não tinha nem saco, nem tempo pra isso. Só começou a arrumação às seis e meia, depois do por do sol. Tomou um banho rápido, secou o cabelo na toalha, passou lápis e rímel nos olhos, enfiou a calça jeans surrada, a camiseta do Kiss e calçou o all star amarelo. Só tinha dois pequenos brincos de pérola, presentes de seu pai. Única coisa que aquela gorda não tinha tomado de Cinderela. Deu uma olhada rápida no espelho antes de sair. Não gostou do que viu, mas tanto faz. O álcool não se importa com aparências.

As irmãs de Cinderela saíram de casa as dez para sete. Precisavam chegar cedo, para fazer uma entrada que chamasse atenção.

Cinderela só pôde sair às nove. Aquela madrasta macaca não ia dormir nunca! Mas não importava. A noite era uma criança, e ela não tinha hora pra voltar.

Chegou ao castelo. Não fez uma entrada espetacular, mas chamou a atenção de todos por ali. Era a menina mais bonita da festa. Até o príncipe – que não era lá muito inteligente - sabia disso. Então, o grandissíssimo-filho-da-puta-júnior sentiu-se na obrigação de jogar a ninfeta com a qual dançava na hora para o canto e ir falar com Cinderela. Péssima ideia.

- Olá, senhorita, será que você me daria a honra dessa dança?

- Aahn, pode ser daqui a pouquinho? Eu realmente esperava beber umas três doses de tequila antes de sair por aí dando pra, digo, rodopiando com alguém.

- Oh! Entendo. Mas a senhorita deveria saber que eu não sou qualquer um. Sou o príncipe desse castelo! O dono dessa festa.

- Sei, sei... Tanto faz. Olha, já falo com você, ok? GARÇOM!

- Já falo com v... Mas o que? Você sabe com quem está falando por acaso? Nenhuma garota faz isso comigo! NENHUMA! EU SOU O PRÍNCIPE!

Mas Cinderela já não estava mais ouvindo. E nem estava mais interessada. Gritou o garçom que passava com os shots e a garrafa de José Cuervo. Ele parou na hora, como se tivesse esperado a vida inteira por aquele grito.

Então a voz dela era assim? Ele não acreditava. Era sorte demais. Lugar certo, hora certa, bebida certa. O que fazer?

- Pois não, senhorita.

- Eu queria umas três doses disso daqui. Tem limão e sal?

Puta que pariu, limão e sal? Quem bebe tequila com limão e sal? Essas manias de hoje em dia...

- Lamento informar, senhorita, mas não tenho limão e sal aqui. Essa é uma iguaria tomada pura, por costume.

- Tô pouco me lixando pros costumes. Costumes costumam falhar. Você já provou tequila, limão e sal? É a segunda melhor coisa do mundo.

- Nunca provei, senhorita. Mas se a senhorita me acompanhar até a cozinha, posso providenciá-los para a senhorita.

- Senhorita, senhorita, senhorita. Não precisa de tanta formalidade. Aliás, não precisa de formalidade nenhuma. Meu nome é Cinderela. E o seu?

Explosão. Ele não podia acreditar! Ela queria saber o nome dele. O nome DELE. Fala alguma coisa! Fala alguma coisa, seu imbecil!

- E o seu? – disse Cinderela, incomodada com os 30 segundos de silêncio.

- Ah, Diego! Meu nome é Diego. Muito prazer.

- Vamos então.

- Claro, senho... Digo, Cinderela.

Ela sorriu. Ele ficou vermelho... E foram. A cozinha era um lugar enorme, escondido e movimentado. Diego teve de perguntar para cinco pessoas diferentes onde encontrar limão e sal. O armário das frutas era separado do dos temperos por cinquenta metros. Mas ele conseguiu, enfim, atender ao desejo da garota que conhecia há quinze minutos. E já amava em segredo.

- Aqui, senho... Digo, Cinderela.

- Muito obrigada, Diego. – disse Cinderela apressando-se em servir duas doses generosas. Uma para cada.

- Oh, lamento! Mas não posso beber com você. Preciso voltar ao trabalho.

- Precisa nada! Vamos lá, é só uma dose... Só pra você ver como tudo fica melhor com um pouco de limão e sal.

Diego concordou. Virou uma dose, lambeu o sal, chupou o limão e...

- UAU! Essa deve ser a melhor coisa do mundo!

- Segunda melhor – advertiu Cinderela.

Tomaram mais uma dose. E outra. E outra. E outra.

- Vamos sair daqui? – Sugeriu Cinderela em meio a risadas.

- Mas eu não posso! Preciso do dinheiro pra ir embora do castelo! Viver a vida calma e bucólica que eu sempre quis.

- Amanhã você se preocupa com isso, Diego. Sempre tem um dia a mais pra ganhar dinheiro. Oportunidades assim são únicas.

- Que tipo de oportunidades?

- Bebida boa de graça! – Disse Cinderela levantando a garrafa de José Cuervo, já pela metade.

Diego pensou, pensou, pensou...

E enquanto ele o fazia, Cinderela só sabia pensar nele. Meu Deus, como ela gostava de olhos azuis! Daqueles olhos azuis. E pele branquinha, e cabelo loiro. Meu Deus, como ela queria que ele concordasse em fugir com ela.

- Tudo bem. – Disse Diego, por fim.

Cinderela não deu tempo de ele mudar de ideia. Agarrou a mão de Diego e o levantou dali num supetão. Essa noite ia ser boa.

- Pra onde você quer ir? – perguntou Diego, que ainda não conseguira soltar a mão dela.

- Pra onde você quiser – respondeu Cinderela, desejando agarrar aquelas palavras e colocá-las de novo na sua boca.

O que tinha dado nela? Não conseguia conter esse frio na barriga, esse coração acelerando. Que saco. Será que tudo isso era tesão?

- Eu conheço um lugar! Vem comigo!

Foram.

Ele correndo na frente, mas sem soltar a mão dela por nada. Não acreditava que estava prestes a revelar o seu lugar preferido. Caramba, como queria beijá-la. Mas como o fazer? Nunca tinha saído com uma garota tão extraordinária!

Ela desejava que aquilo não acabasse nunca. O som da risada dele era uma delícia. Caramba, como queria beijá-lo. Mas como o fazer? Nunca tinha saído com um garoto tão extraordinário!

Chegaram. O topo da colina, o céu estrelado.

- Uau! – Disse Cinderela – Acho que eu nunca vi algo tão bonito e tão delicado ao mesmo tempo.

- É. Espetacular, não? – Disse Diego num suspiro.

- Sim, perfeito. Eu daria tudo pra morar aqui!

- Você só pode estar brincando.

- E porque brincaria assim? É sério. Se tivesse algum jeito de construir uma casinha pequena nesse lugarzinho, eu moraria nela. Pra sempre.

- É pra cá que eu quero vir. É pra isso que eu tô juntando dinheiro.

- Merda.

- Porque merda?

- Porque não posso mais comprar o terreno e construir a casa, né... Esse é o seu sonho. – Lamentou Cinderela.

- E porque não pode ser o seu? – Perguntou Diego.

- Você quer dizer, tipo, vizinhos de porta?

- Ou de quarto...

- Ou de cama...

Riram. Tudo era tão fácil! O assunto não acabava, os sorrisos escapavam e o mundo girava devagar. Estavam deitados um ao lado do outro, com os dedos entrelaçados. As estrelas cadentes voando acima da cabeça deles.

Podia até ser o efeito do álcool, mas ela se sentia um pouco mais retardada perto dele. Era inevitável. Ele era tão inteligente, tinha tantos planos... E ela era só uma garota com uma vida fodida.

Podia até ser o efeito do álcool, mas ele se sentia um tanto mais feliz perto dela. Era inevitável. Ela era tão divertida, vivia como se não houvesse amanhã... E ele era só um garoto com preocupações demais.

E por falar em álcool...

- Só tem mais uma dose pra cada – Disse Cinderela, olhando o restinho de líquido marrom dentro da garrafa.

- Manda ver então. Ainda tem limão e sal?

- Tem, pega.

- Acima, abajo, al cientro, adientro! – Disseram juntos, e viraram, a última dose.

- Você está errada. Essa é a melhor coisa do mundo.

- Segunda melhor.

- E qual é a primeira, então?

- Essa.

Primeiro beijo. Explosão.

- Uau. – Disse Diego.

- Uau o que? – Respondeu Cinderela.

- Isso.

Segundo beijo. Explosão.

Terceiro, quarto, quinto. Explosão, explosão, explosão.

Eles fizeram amor a noite inteira, mas não transaram. Dormiram abraçados, à luz do luar, morrendo de frio. Não queriam ir a lugar nenhum.

No dia seguinte, acordaram com uma grande dor nas costas, mas nunca se sentiram tão felizes e completos. Desceram a colina conversando, o assunto nunca acabava. Era bom estar ali. Parecia certo.

Dois meses depois, Cinderela deixou a sua casa. Levou com ela várias jóias pertencentes à sua mãe. Sua verdadeira mãe, não àquela vadia gorda. Vendeu-as no Mercado Livre. Conseguiu trinta mil dólares.

Dois meses depois, Diego pediu demissão. Levou com ele os dois mil duzentos e cinquenta e três dólares que tinha conseguido juntar nesses cinco anos de trabalho.

Eles se encontraram no topo da colina às duas e trinta e quatro. Abraçaram-se, beijaram-se, rodopiaram, caíram, riram. Finalmente o sonho virara realidade.

Começaram a construção no dia seguinte, terminaram-na sete meses depois. Nesse meio tempo, dormiram no frio, comeram animais e frutas silvestres, beberam água do rio, contaram as estrelas, assistiram ao pôr do sol. E brigaram, xingaram, odiaram um ao outro. Tiveram crises de ciúmes, choraram... Fizeram as pazes, beberam tequila (com limão e sal) e fizeram amor (com chantilly e morangos).

Essa história aconteceu há uns trinta anos. E a casinha simples no topo da colina continua lá, com um jardim maravilhoso à sua volta e canteiros de orquídeas que florescem no verão. Cinderela e Diego continuam lá, assistindo ao pôr do sol todos os dias e às estrelas cadentes todas as noites. Devem estar no beijo de número trezentos mil e setenta e oito, e ainda sentem pequenas explosões.

E vivem felizes.

Mas não sempre felizes, nem felizes para sempre.

As brigas, as lágrimas, o ciúmes, o ódio, os xingamentos, a vontade de matar, de divorciar, de gritar continuam lá. Mas tudo se resolve – como em tudo nessas loucas histórias dessa vida louca - com muito amor, tequila, limão, sal... E sexo.

(Gabriela não sabe como terminar, porque pra ela, a história ainda nem começou)

23.6.10

Se esse mundo, se esse mundo fosse meu...

Como disse uma vez o nosso querido amigo Benjamin Franklin, “o homem só tem certeza de duas coisas: a morte e os impostos”. E eu não preciso dizer pra vocês que isso é uma merda. Trabalhar, trabalhar, trabalhar. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. Contas, contas, contas. Morrer. E agora, José?

Aah, mas se esse mundo fosse meu... Seria tudo diferente. Em primeiro lugar, só teria uma pena e só dois crimes. Ou pecados, tanto faz. Matou, morreu. Estuprou, morreu cinco vezes. Não vai ter roubo. Porque não vai ter gente rica, nem gente pobre. Todo mundo vai ter o que quer! O tênis que quer, o sorvete que quer, a casa que quer... Ainda não sei como, confesso, mas deve ter um jeito... Esse tal de Marx e esse tal de Engels quase acertaram uma vez.

Aah, se esse mundo fosse meu... Não existiria a Lei da Ficha Limpa, porque não ia precisar. Só teriam fichas limpas! Porque roubou, morreu. Simples. E, por conta disso, as crianças estariam na escola e comendo. Simples. E, por conta disso, a saúde ia funcionar, porque as crianças que hoje estão na escola, amanhã são os médicos fazendo a cirurgia no seu joelho. Simples. O mundo ia ser simples, se fosse meu.

Aah, se esse mundo fosse meu... Não existiriam guerras, nem bombas atômicas, nem atentados terroristas. Porque o homem mandaria no dinheiro. E não o contrário. O homem entenderia o quão pouca importância tem o papel (ou os números numa telinha), e o tanto de importância que tem o abraço em família num domingo de manhã.

Aah, se esse mundo fosse meu. Não existiria colesterol, nem padrões de beleza. Ser gordinho é lindo! Ser magrinho é lindo! Ser fortinho é lindo também! Todo mundo ia ter mais tempo pra ler livros e assistir a seriados, porque o futuro não ia mais ser importante. Aliás, a palavrinha “futuro” nem ia existir. Pra que, afinal? O hoje já vem depois do ontem.

Aah, se esse mundo fosse meu. Não existiria cecê, nem chulé, nem piolho. Cada um estudaria o que gosta de estudar, e resenhas sobre livros chatos seriam proibidas. Todo mundo ia ter direito de ter uma semana por ano pra festejar a noite toda e dormir o dia inteiro, só pra lembrar o quão fácil a vida pode ser. Doces seriam de graça, porque não existiria dor de dente. Nem de ouvido, nem de garganta. A qualidade de vida seria mensurada em sorrisos, porque o dinheiro não seria – como já antes dito – tão importante. Todas as festas seriam open bar, todos os canais passariam filmes bons (e legendados!).

Aah, se esse mundo, se esse mundo fosse meu... Todas as ruas seriam ladrilhadas com pedrinhas de brilhantes. Porque todo mundo seria o amor de todo mundo. E todo mundo ia querer ver todo mundo passar.

E aí? Quem é que topa me dar o mundo de presente de aniversário?

(Gabriela não quer o mundo de presente de aniversário, o novo uno já ta bom)

21.6.10

João Gabriel e Maria João

AAAANTES DE TUDO:

1) Esse texto é bem, bem velhinho. Tipo, de 2006. E eu não fiz ele sozinha. Então, se por ventura, algum caça talentos da Super Interessante resolver ler o meu blog e blablablá... A Aline de Oliveira Vasques também fez esse texto daqui :)

2) Por mais que ele seja "antigo", continua bem atual HAHA estilo "A Alegoria da Caverna". Mas só no quesito de ser antigo e atual mesmo, não tem nada a ver com mundo sensível e inteligível, calma. Deixa isso pra Platão. ENFIM. É ele que eu vou ler na aula de OT amanhã. Versos rimados e tal.

Vamos lá.


João Gabriel e Maria João


João Gabriel era um menino bonito
Cabelos loiros, e um belo sorriso.
Ele só tinha um pequeno problema
muitas garotas e nenhum dilema

A primeira foi a filha do dono do bar,

mas João não se lembra desse dia.
Tinha bebido muita pinga e tudo o que queria
era uma bela companhia.

João se lembra da filha do xerife
Com essa deu uma grande confusão
muitos beijos, amassos
e sete dias de prisão

A terceira foi a loirinha da festa
a que deixava a mão descer
beijos voaram madrugada afora
e só acabaram ao amanhecer

Também tinha a ruivinha
a que pensava em ser freira
conheceu João Gabriel
e esqueceu essa besteira

Talvez seja o seu jeito

ou as coisas que ele diz
"Você será sempre minha
e eu te farei feliz!"

Cafajeste de primeira
Às meninas, só engana
Nunca te quis, nunca te amou
Foi só mais uma em sua cama

Ana, Bruna e Rafaela...
Carolina, Rebeca e Gabriela...
Nomes de conhecidas, a quem jurou amor até a morte
Só algumas palavras, e talvez um pouco de sorte.
Até que um dia, uma lhe disse:
"Mais dia menos dia, tu vai se apaixonar,

e essa, desgraçado,

não vai nem sequer te olhar!"

Mas ele não se importava
em segredo, era o que mais desejava.
De verdade se apaixonar, e dizer seus 'eu te amo'.
só que sem parecer insano.

Dito e feito
João se apaixonou.

Seu nome era Maria...
Filha do prefeito, e tudo o que ele mais queria.

Maria até deu bola
fingiu que queria casar
deixou João apaixonado
Mas o largou no altar

Em suas palavras cruéis

Destruiu o coração do safado

No bilhete, só disse a verdade

Não era amor, nem paixão... Só amizade.


"Você não serve pra mim, e eu nunca te amei.

Desculpa se te iludi, desculpa se não contei
mas eu tenho um amante, e cansei de ser farsante.
A ele sim eu amo, e casamos no fim do ano"

(Gabriela acha bem feito para João Gabriel)

7.6.10

"Elas só querem as coisas com homens cachorros e não estão nem aí pra nós...ou será que nós é que fomos os cachorros?"

Essa é a história de uma menina que ficou com três meninos diferentes em uma única noite. Não porque seja fácil, não porque seja puta, não porque ela não se dá o devido valor. Mas porque ela não consegue mais se entregar.
Ela já foi a boa menina, já brincou de ser a menininha apaixonada. Já se doou inteira pro amor, jogou de acordo com todas as regras. Não traiu, não mentiu, não bebeu, não saiu com as amigas pra dançar. E, sinceramente, não sabe o que ganhou com isso.
O amor só serviu pra deixá-la cansada. De corpo, alma e coração. Até as lembranças, que deveriam ser maravilhosas, só servem pra atormentá-la antes de dormir, pra lembrá-la que não tem ninguém pra deitar a cabeça no ombro na hora do filme, segurar as mãos num fim de tarde de domingo.
Levou meses se perguntando o que tinha feito de errado. Até descobrir que, mesmo se a culpa tivesse sido dela, ele tinha ido embora sem motivo. Deixou-a sozinha, perdida, sem chão... E na hora em que ela mais precisava.
Mas isso não tem importância. Porque, no agora, ela vai mostrar pro amor quem é que manda. Chega de se machucar, de se importar. Ela vai sair, vai dançar, vai beijar quem ela quiser (se ela quiser). Não vai mais te dar satisfação. O coração tá despedaçado, mas os dentes ainda tão todos na boca. Formando um sorriso. Ela é finalmente a pessoa mais importante da vida dela.
Porque ela tá sim feliz. Completa. Sozinha. É ela contra o mundo. É ela sem amor contra o mundo.
Os três carinhas da noite passada eram muito melhores que ele. Beijavam melhor, tinham mais pegada... E ligaram no dia seguinte. Pena que o celular tava ocupado. Ela tava contando pra melhor amiga que não lembra o nome do último deles. Era igual a todos os outros, afinal. Mais um esperando a primeira oportunidade pra partir o coração de uma boa garota, de uma menininha apaixonada. Mas ela não era mais assim.
Porque o amor é super estimado. Não vale à pena. Borboletas no estômago a fazem vomitar, frio na barriga é sinal de febre. E é melhor gastar super bonder remendando o salto, ao invés do coração.

(Gabriela nunca esqueceu o nome de algum garoto)

1.6.10

Por sentimentos nada originais...

" Calma. Vai passar! Não fique assim, não. Vai passar! Eu sei como dói, é horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que você vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo, porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar pra se estar. Dor é assim mesmo: arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores e a vida! Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não, porque espera a dor passar. Esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando você vai ver, o barco já tá lá longe! A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, esse chumbo na garganta, essa sensação de que pegaram seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é uma bobagem. Como cantou Vinícius: 'É melhor viver do que ser feliz'. Porque pra viver de verdade a gente tem de quebrar a cara. Tem de tentar e não conseguir. Tem de achar que vai dar certo e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, mas que tem que ser ouvida. A vida é incortonável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cái. Dói, eu sei como dói, mas passa. Tá vendo a felicidade alí na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir essa montanha, vai sentir frio e cansaço lá em cima. Vai querer desistir, mas você não vai desistir, porque você é forte! E porque depois do topo, a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-lá pra trás é continuar andando.Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e RIR da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar!"

não sei quem é o autor, quem souber, por favor, me avisa. ele acabou de se tornar o meu preferido de hoje.

eu vou voar, o mundo gira e bota sempre tudo no lugar :)