Muito prazer, meu nome é outono.

28.10.10

Semi

Esse aqui é um semi desabafo ou uma semi explicação. Fica aqui relatado, prometido, assinado e declarado em cartório que a partir da data de hoje até a data do meu primeiro aniversário do próximo namoro, Gabriela Alcuri não escreverá mais textos sobre relacionamentos amorosos, ou, como os meus vem sendo, semi relacionamentos amorosos. O motivo é semi simples. Eu não tenho nada parecido com um mero semi amor (amor homem e mulher, amor para casamento, esse tipo de amor...) tem quase um ano, ou mais de um ano. Portanto, todas as minhas experiências sobre esse assunto tendem a ser vistas de maneira mais... idealizada. Sei que amar é ótimo, não me levem à mal... Só não tem mais, pra mim, tanta importância.
É isso. Devia a mim mesma uma explicação.
Quando alguém resolver fazer meu mundo tremer, escrevo sobre ele. Quando alguém me fizer desenhar corações (no lugar de triângulos), conto pra vocês. Até lá, não esperem ver textos desse tipo por aqui.
Um milhão trezentos mil e quatrocentos e vinte beijos, pro meu próximo namorado.

6.10.10

Triângulo doloroso


- Eu te amo, mas não estou apaixonada por você.
- Eu te amo e estou apaixonado por você.
- Mentira.
- Verdade.
- Mentira, e Ela?
- Que Ela?
- Ela, Ela... Sua.
- Minha? Você?
- Eu? Não. Não sou sua. Ela!
- Não quero.
- Não agora, mas quem sabe daqui a uns cinco minutos?
- Não Ela. Você.
- Eu não. Ela.
- Desse jeito tá parecendo que é você quem não me quer.
- Não vem com essa, é você que só quer Ela.
- Ela?
- É, Ela. Não vem de novo com isso.
- Mas... Não posso ter as duas?
- Não.
- Por quê?
- Além de todos os estigmas impostos por essa sociedade monogâmica e filha da puta, porque eu te amo.
- ... Mas não é apaixonada por mim.
- É. Mas Ela é.
- Ela, Ela, Ela. Para de falar Dela. E a gente?
- A gente?
- É, nós.
- Não existe nós.
- Como não? Eu, você... Nós.
- Não, nada disso. Eu. Você.
- ... Nós.
- Não. Ela, você... Vocês.
- Não. Eu. Ela. Não somos nós, eu e Ela.
- E porque não?
- Porque eu te amo. E sou apaixonado por você.
- E por que?
- Não sei direito. Vai ver são as músicas, os telefonemas...
- Os passeis de carro, os beijos não dados.
- É.
- É.

Silêncio. O primeiro entre os dois, desde que consigo me lembrar. Ele a olhava nos olhos. Ela olhava de volta. Queria desesperadamente beijá-la, provar que tudo o que dizia era sim verdade. Ela queria querer ir embora, mas, de novo, ficou.
Gabriela não sabe direito porque faz isso. Tem certeza de que é só uma variável de ocasião na história dos dois. Ela é o histórico. É pra lá que ele sempre volta. Vai ver, Gabriela mentiu. Vai ver, talvez seja apaixonada por ele. Mas, definitivamente, não gosta de sofrer. Chorar, gritar, sentir, drama... Não é pra ela.

- Olha, acho que tenho de ir.
- Mas já? O sol ainda nem nasceu.
- Eu sei. Mas tô cansada de te ver só a partir das duas.
- Sei que você tá. Mas é o único jeito... Desculpa.
- Não, não desculpo. Você vai tentar fazer de novo, e de novo. Não desculpo sem arrependimento, você sabe...
- Mas...
- Tenho de ir.

Se levantou da calçada, deu por volta de três passos e...

- Espera!
- O que?
- Quando eu vou te ver de novo?

Ela quis segurar o sorriso, mas não conseguiu. Era impossível ficar tanto tempo sem sorrir por perto dele.

- Em outra vida... Quando nós dois formos gatos.

(Gabriela não é ela).