Muito prazer, meu nome é outono.

20.8.10

Por onde começar?

Porque eu te amo muito mais do que você poderia imaginar,
Aqui está o seu adeus amigável...

Cinco,
Acho que é bom começar (ou terminar...) dizendo que eu pensei muito em você nesse fim de semana. Não sei se foi porque passei umas quatro vezes em frente a sua casa, ou porque a música tema de Shrek 4 não é No Hablo Ingles. Lembra de quando eu te disse que passava no trailer? Eu sei que você se lembra. Sei que também vai pensar em mim quando essa música começar a tocar. Essa, ou qualquer outra deles.
Cada coisinha ainda vai ficar bem, seja forte, acredite! De um jeito ou de outro, sempre fica. Mas eu realmente não achei que fosse ser assim que ia terminar pra gente. Numa conversa mal resolvida, nesse apartamento vazio. Com você me dizendo que não sou eu. Mas isso não faz a menor diferença. Você não está escutando. Tem alguma coisa faltando? Você esqueceu onde o coração fica.
Eu me disse mil vezes pra não deixar isso ser amor. Porque machuca muito, quer você queira, ou não. Mas não consegui. Nem eu, nem você. Mas não se preocupe! Como eu já disse tantas e tantas vezes, não sou eu a garota certa pra você. Eu bem que queria, mas não sou. E isso não tem importância. Eu não quero entrar na sua mente ou nas suas calças, não quero perder meu tempo com amor e romance... Não vou ser a sua próxima ex namorada.

Seis,
Você está em todos os lugares pra mim, e quando eu fecho os meus olhos, é você que eu vejo. E eu realmente não sei quando isso foi começar a acontecer. Pode ter sido há um ano, ou há um mês, ou há três dias. Sei que, constantemente, é em você que eu penso nas horas iguais e nas diferentes. É pra você que eu tenho vontade de fazeruma última ligação, casualmente, porque depois de cinco drinks eu tô apaixonada de novo. E se eu te ligar bêbada, não desligue! Não fica puto, não desliga! Eu sei que tá tarde, mas nunca é tarde demais pra uma última ligação...
Você foi o meu maior relacionamento. Gosto de pensar que ainda é. Um ano e seis meses. Vezes três. E agora, acabou. De repente. E eu bem queria, mas não posso esquecer. Estou caindo nas memórias de você, das coisas que a gente costumava fazer. São as saudades... De tudo o que foi, mas também de tudo o que poderia ter sido, mas não foi. E não sei porque não foi! Não tive a coragem necessária para dizer aquilo que realmente importava, na hora que realmente importava. Eu sei que nós tivemos nossos problemas, mas não consigo me lembrar de nenhum. Você me deixou supondo, e agora eu sinto que perdi tempo sentindo sua falta... E eu quase tive você, quase amei você, quase desejei que você tivesse me amado de volta.

Sete,
(in)Felizmente, é no sete que o refrão acaba. Não sei se termino deprimida dizendo que as palavras de ninguém eram boas o suficiente pra definir do que a gente tinha medo. As palavras de ninguém são boas o suficiente pra consertar o que aconteceu aqui. Ou se enfatizo o tanto que queria te mandar calar a boca e sorrir. Acho que vou ficar com a segunda opção, combina mais com a gente. Assim, eu posso fingir que você está aqui nessa noite. E, quem sabe, um dia você vai estar mesmo. Me dizendo praparar, voltar, fazer tudo de novo. Me guiando com calma, mostrando direitinho por onde começar.
Só não esquece, por favor, que, apesar de tudo, você é louco... e eu sou louca por você.


Não para sempre, mas enquanto for...
O seu final feliz.










(As partes em itálico são músicas do Yellowcard e do Bowling for Soup. Duas das minhas bandas preferidas. Só minhas, pode apostar).

8.8.10

O meu enorme rei


“A gente corre o risco de chorar um pouco, ao se deixar cativar!”

(O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry)

De todos os muitos livros, textos, citações e ditados que já passaram por mim, nenhum foi, nem de longe, tão importante quanto “O Pequeno Príncipe”. Confesso que da primeira vez que o li – aos oito anos de idade – não vi graça nenhuma. Sempre fui uma criança chata com esse negócio de animais falantes, rosas resfriadas e pessoas pequenas. Se era para fantasiar, que fosse dentro ou de uma escola de bruxos, ou do submarino Náutilus.

Mas o destino trouxe o principezinho e as suas aventuras de volta. E eu as reli. Em uma, duas, três ocasiões. E, ainda assim, era incapaz de enxergar o elefante dentro da jibóia. Tornei-me, apesar de todas as minhas objeções, uma pessoa grande. E não gostava disso. Sabia que havia, em mim, algo faltando, algo que não estava certo. E foi aí que eu entendi as entrelinhas.

Não se enganem, não é fácil perceber o diminuto. “O Pequeno Príncipe” exige de seu leitor muito mais do que uma mera interpretação de texto. O essencial é (mesmo) invisível para os olhos. É difícil olhar para o céu e se perguntar “Terá ou não terá o carneiro comido a flor?. E ainda mais difícil perceber que o mundo é muito mais feliz (ou muito mais triste) dependendo da resposta. Ou da raposa.

E, agora, reservo os dois próximos parágrafos para lhes falar da flor. E da raposa.

A flor era, para o principezinho, única no mundo. Orgulhosa, metida, vivia resfriada e, por vezes, mentia. Mas ele não a via com esses olhos. Só era capaz de enxergar a beleza por detrás daquele arranjo de pétalas tão diferentes. Só conseguia pensar em cuidar dela, para que ninguém a maltratasse. Achava os espinhos pouco para protegê-la, e foi de quem mais sentiu falta quando foi embora de seu pequeno planeta. Foi o tempo que dedicara a sua flor que a tornara tão importante. Sinto pena de quem não tem ou nunca teve uma flor em sua vida. A flor é importante. Muito mais do que todas as outras muito mais bonitas, vivas e saudáveis, enfeitadoras de outros jardins. E só é assim tão essencial por conta de suas manias e defeitos.

A raposa ensina o principezinho a cativar. E mais, implora para que ele a cative. Ele o faz, com paciência, com a linguagem fonte de mal-entendidos. Os dois vão, pouco a pouco, tornando-se grandes amigos. Ele foi sentando cada dia mais perto, ela perdeu o medo. Ele cumpre as promessas, chega sempre no mesmo horário. Ela sorri. Até que chega a hora da despedida, e só resta, para ela, a plantação de trigo que lembra os cabelos loiros do seu amigo que teve de partir. E, para ele, ficam as lembranças extraordinárias dos momentos passados com a sua grande amiga. A gente corre o risco de chorar um pouco, ao se deixar cativar. Mas são lágrimas que valem à pena.

Antes de “O Pequeno Príncipe”, eu era do tipo que pensava nas pessoas pequenas como menores do que nós. Já gostava do pôr do sol, é verdade... Mas só para fotos bonitas de beijos apaixonados. Não encostava nas rosas porque tinha medo de espinhos, e achava todas as raposas iguaizinhas.

Mas depois de entender as entrelinhas, acho inevitável dividir as pessoas entre aquelas que entendem o desenho de uma criança, e aquelas que dizem para desistirem da carreira de pintor. Quero, ainda, assistir ao pôr do sol 43 vezes em um só dia, mas sem fotografá-lo – porque não quero ninguém revelando algo que, para mim, tem um poder tão extraordinário. Hoje entendo que as rosas não tem espinhos, mas sim acúleos. São uma defesa facilmente removível, uma vez que você tem a coragem de se aproximar. E, quanto às raposas... Encontrei várias que me cativaram, mas nunca me fizeram chorar. Às vezes, a plantação de trigo é desnecessária para se lembrar de alguém. Tem raposas que ficam para sempre.

O principezinho, para mim, virou rei. E nenhuma pessoa grande jamais compreenderá que isso tenha tamanha importância!

(Gabriela nunca sonhou e ser miss universo e já leu vários livros com mais de quinhentas páginas)