Muito prazer, meu nome é outono.

29.9.10


"É só mais um cara. Não o ‘denso lago de mistérios gozosos onde você mergulhou e ainda não submergiu’. Nem o ‘sustentáculo de todos os ossos de seu corpo’, tampouco ‘o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência’. É só um cara.

E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.

Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o amigo e o colega. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém.

É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu. Ele é só mais um cara. E você já esqueceu outros caras antes."

***

Não fui eu que escrevi. Esse texto é até bem famoso, por mais que tenha sido escrito por um desses "anônimos" - os quais a internet tá cheia. É um anônimo genial, fica aqui os meus parabéns.
É até engraçado assumir que é - de todos os Drummonds, Chicos e Vinícius - um sem nome que fala de mim nesse momento. Descreve exatamente esse nosso chove-não-molha, que só não é pior que Brasília nessa seca.

(Gabriela não foi à academia hoje)

23.9.10

Própria estima

Esse aqui é pra mostrar que eu cansei do tu e do ele. Não quero mais saber da vadia que ela é, do romance do nós, o respeito do vós. E fodam-se eles, com ou sem elas. Nada de segundas, terceiras ou primeiras do plural. Esse é singular.
É sobre o mais longo e importante relacionamento, o único com o qual eu sempre vou ter de lidar. Meu, eu, comigo.
Não sei nem por onde começar. São dezoito anos, e contando. Você, ele, ela, eles, nós, todos e muitos estiveram por aqui. Passaram, ficaram, mudaram, mudaram-me. Errei. Aprendi. Errei de novo, porque gosto do drama. Vivi. Vivo. Viva!
Eu fui criança moleca. Ralei joelhos, trepei em árvores, joguei queimada, brinquei de álibi. Errei, doeu, chorei no colo da mamãe. Imitei a bicicleta da minha amiga, fui polícia e ladra. Assisti aos desenhos da disney no cinema, rebobinei a fita cassete. Assoprei minha vela de catorze anos. E cresci.
Não me leve à mal, ainda ralo joelhos, trepo em árvores, jogo queimada, brinco de álibi. Mas errar? Não dói mais tanto assim. Chorar? Não, muito obrigada.Aprendi a não correr para o colo da mamãe, mas não me orgulho - desaprendi a andar de bicicleta. Sou mais ladra, menos polícia. Fui à Disney e foi mágico. Mas acabou.
Soprei há algum tempo a vela dos dezoito anos... E não sei o que isso significa. Crescer não é comigo. Não é pra mim. Vou ser sempre imatura, sempre infantil. Vou sair de salto quinze, beber, dançar e beijar quem eu quiser. Vou me lambuzar quando tomar sorvete, rir na hora errada, chorar de soluçar e assistir aos filmes da Disney no cinema. E estaria mentindo se dissesse que sinto muito se isso não te agrada. Porque não sinto. Esse não é sobre você, lembra?
Por fim, não sei dizer se me amo, me respeito, se tô fazendo o melhor de mim, construindo um futuro ou esquecendo o passado. Mas isso não importa. Porque o que eu sei é que me divirto pra caralho todos os dias, e não troco essas risadas insanas por nada. A não ser, talvez, pelo Johnny Depp na minha cama.

(Gabriela tem Johnny Depp como seu plano de fundo do desktop e jura que ele é um ótimo motivo para sorrir)

7.9.10

Sobre um relacionamento em especial e seriados em geral.


"First of all, who doesn't like Patti? Have you seen her in "Gipsy"? Second of all, you always can come back to your soul mate. That is the reason it is your soul mate." (Greek, segunda temporada, episódio 8).

Greek, como todos vocês podem perceber, é o meu seriado do momento. A frase ali acima foi dita pelo Cappie, um dos personagens principais, para confortar o amigo dele que tinha acabado de terminar com o namorado. Ao mesmo tempo, ela me serviu como um tapa na cara. Por vários e vários motivos, mas dois deles principais.
O primeiro, é que eu ainda lembro do passado no presente. Fico imaginando um futuro, um "se", um "quando".
Os beijos. Diferentes, para você. Maravilhosos, para mim. Tu é um excelente beijador. Gostava de todos os tipos. Dos selinhos, dos nojentos, dos quando a gente tava sozinho e não tinha vergonha de nada. Gostava das mordidinhas com carinho, e das que machucavam também. Gostava deles na barriga, no pescoço, em todos os outros lugares. Mas a minha parte preferida mesmo, eram as explosões conjugadas no meu estômago toda vez que os seus lábios chegavam um pouquinho mais perto de mim. Das promessas não cumpridas, a que eu mais sinto falta é desta. Você sabe de qual eu estou falando.
As músicas. Românticas, "nossas". As do Fall Out Boy, do Oasis, do Exaltasamba, do Darvin. Ah, e tem também aquela do Muse, no Guitar Hero III, impossível de ser concluída (no hard!). Quase todas, no início. Absolutamente todas, no fim. Essas, agora.
As comidas. Pães de queijo, todinho, ferreros rocher, sorvete de menta com chocolate/chocolate com menta. Pizza e biscoito de queijo da pão dourado, nuggets e coca cola. Aquele sábado de manhã em que você acordou cedo pra me ver, o dia em que você realmente precisava de mim (e eu te levei o seu chocolate preferido, porque nunca soube bem o que dizer), mais uma das nossas tardes na Palato. Comidas de dias aleatórios, aquilo que eu "cozinhava" quando precisava.
Os sorrisos. Daqueles fins de tarde na sua casa olhando o sol se por, os depois dos meus dramas, o do barulho engraçado que tu fazia na minha barriga, os esquecidos, os que jamais serão. O meu pra você, de garota mais feliz do mundo. O seu pra mim, de garoto mais feliz do mundo. Se não me engano, você achava o meu o mais maravilhoso. Agora acha o dela, mas não tem importância. As pessoas mudam, os gostos mudam junto. "Pode parecer pouco, mas não se engane... não vou mais sorrir bonito para você".
Os olhares. Das horas em que só você entendia, e das que só eu sabia te entender. As milhares de palavras que não precisaram ser ditas, porque seus olhos já diziam tudo. "Ele gosta de você, dá pra ver no olho dele". Eu também gostava. Amava. Aliás, amo. Porque não conjugo esse verbo no passado. Estremece, faz efeito, e tudo acontece se for daquele jeito.
As fotos, tantas. De beijos, olhares, sorrisos, comidas e músicas. Desde a primeira, quando você era "só meu amigo". Até a última, quando a gente até já fazia biquinho, parecendo saber que ia acabar. Imitando seriados, tendo ideias originais, quase originais.
Por fim, o pensamento. Penso em você toda vez que eu fico doente e não tem ninguém pra fazer carinho na minha cabeça, ou quando tô na TPM e lembro daquela que você me suportou, mesmo que nem eu suportasse. Pensei em te ligar ao final da sexta temporada de House, porque achei que você também super precisava falar sobre isso. Pensei em você ontem, jogando Guitar Hero com a Babi. Penso em você toda vez que preciso de alguma coisa dourada pra usar, e pego o seu colar de anjinho. Penso se você vai ler isso daqui, penso se vai dar a mínima importância. E é aqui que termina o meu primeiro motivo. A frase me afetou porque até ela, eu pensava que se almas gêmeas existissem, você, definitivamente, era a minha. Você me entendia em tudo, afinal. Sabia sempre o que dizer. E eu sempre me culpei por ter te deixado ir embora.
O segundo, é que eu descobri que você não é. A minha alma gêmea, quero dizer. Porque o Cappie (e todas as minhas melhores amigas) tem razão. A gente sempre pode voltar pra nossa alma gêmea. E, por voltar, eu não acho que ele tenha querido dizer ficar, namorar, noivar, ter filhos e toda essa merda. Mas sim "contar com". "Voltar" é poder "contar com". E eu não preciso nem dizer que eu não posso isso contigo.
Porque você é um completo babaca. Tu não consegue passar por mim e sorrir, dizer oi, perguntar se tá tudo bem. O seu olhar, aquilo que em você era o meu preferido, agora é o que eu mais detesto. É de desprezo, de desgosto, de rancor, de ódio. O que eu fiz pra você, afinal? Porque, na minha visão, eu deveria olhar pra você dessa maneira. Não tô te julgando, sempre soube que seria assim. Mas, caramba! Eu passei na Unb e você, mesmo sabendo o tanto que isso era importante pra mim, não teve a coragem de me dar os parabéns. Não te culpo. Como eu já disse antes, as pessoas mudam, os gostos também.
Mas o amor? Não acho que se conjugue no passado. Eu sempre digo pra quem me pergunta se eu te amei que não. Não amei, porque ainda amo. Precisando de mim pra qualquer coisa que estiver ao meu alcance, eu faço. Sem brincadeira. Pode me ligar, porque eu sei que mesmo tendo deletado o número, tu sabe de cor.
Por fim, eu queria acabar dizendo que.. não sei. Não sei se você foi ou não a minha alma gêmea, nem sei se vai ou não voltar a ser algum dia. E também não importa. Porque de uma coisa eu tenho certeza absoluta: essa não é a minha última chance de ser feliz.
E é só olhar pra foto lá de cima. A Blair já teve o Nate para partir o coração dela. A Robin já achou que nunca mais ia ser feliz depois do Ted, e o Barney provou o contrário. A Cassie terminou feliz sozinha e em Nova York. A Effy ficou bem. A Jules teve uma alma gêmea antes do Grayson, o House e a Cuddy eu não preciso nem comentar, já que você acompanha esse seriado. A Elena tem também o Damon. Ok, o Ned e a Chuck não são exatamente o melhor exemplo, porque eles são mesmo lindos e perfeitos um pro outro - mesmo não podendo se tocar. A Penny eu não preciso nem dizer, o Charlie teve a Mia e a Chelsea um marido antes dele, a Casey tem o Evan também.
O que eu tô querendo dizer é: você seria um ótimo final feliz. Mas, se Deus quiser, eu consigo um outro melhor ainda.

Ainda amo você,
Gabi.


(Puta que o pariu, precisa de um parênteses no fim só pra dizer que: Gabriela precisa parar de comparar seriados com a vida real. E de assistir a tantos deles.)