Muito prazer, meu nome é outono.

29.9.10


"É só mais um cara. Não o ‘denso lago de mistérios gozosos onde você mergulhou e ainda não submergiu’. Nem o ‘sustentáculo de todos os ossos de seu corpo’, tampouco ‘o mármore onde está gravada a suprema razão de sua existência’. É só um cara.

E quer mesmo saber? É um cara como todos os outros caras.

Esse que te perguntou as horas no meio da rua – podia ter sido ele e você nem ligou. O mendigo, o amigo e o colega. Ele estava ali o tempo todo. E ele não estava. Ele é só um deles. Vários. Uma legião. E ninguém.

É só um cara. E não a sua vida. E não todos os dias da sua história. E não todas as suas lágrimas juntas em um único sábado solitário. Ele não é o destino. É um cara. Existem muitos destinos. Ele é só um cara que mal sabe escolher os próprios perfumes. Não sabe sangrar. Não sabe que nome daria a um filho. Não pode ficar mais tempo. Ele é só um cara perdido como muitos outros caras que você encontrou. E perdeu. Ele é só mais um cara. E você já esqueceu outros caras antes."

***

Não fui eu que escrevi. Esse texto é até bem famoso, por mais que tenha sido escrito por um desses "anônimos" - os quais a internet tá cheia. É um anônimo genial, fica aqui os meus parabéns.
É até engraçado assumir que é - de todos os Drummonds, Chicos e Vinícius - um sem nome que fala de mim nesse momento. Descreve exatamente esse nosso chove-não-molha, que só não é pior que Brasília nessa seca.

(Gabriela não foi à academia hoje)

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