Muito prazer, meu nome é outono.

15.3.11

Desde sempre, minha.

Hoje é, de novo, o dia no qual faltam exatamente 365 pra rir contigo mais uma vez. Detesto esse quase outono, essas águas de março fechando o verão. 18, pra mim. 19, pra você. É engraçado como te tinha aqui há algumas horas, e agora, de repente, já sinto saudades do teu abraço, da tua unha no meu ouvido, do nosso nascer do sol que não deu tempo de assistir.

Minha Renata. Acho que soube desde que me entendo por gente que você foi feita pra mim. Sem segundas intenções, desejos homossexuais ocultos ou pensamentos impuros... É só amizade. Se é que posso chamar a nossa de 'só'. Sei que não preciso de mais nada se tu tiver aqui pra me segurar quando eu cair da escada. Ou escorregar no chão de asfalto. Ela tem um sorriso que me lembra das minhas memórias infantis. Um puta dum sorriso, diga-se de passagem. E é só o começo.

Porque a Renata, caros amigos, é linda de morrer, de matar, de fazer qualquer um querer se suicidar. Do tipo concorrência desleal; do tipo de parar o trânsito; do tipo que eu sentiria inveja, se não sentisse orgulho. O cabelo loiro, enorme, liso, digno de ser balançado numa propaganda de shampoo. (É engraçado me lembrar de quando essa mesma cabeleira tinha piolhos, ou de quando era verde de cloro). Os olhos azul cor de mar sempre cuidadosamente delineados de preto, as orelhas furadas, o piercing na língua, a pele branquinha feito neve. E um corpo que, meu Deus... Ela passa, você perde a linha. Mas ninguém te culpa... Todo mundo já fez a curva junto contigo.

A Rê é pra tudo. De banhos de chuva com gosto de mar, passando por cachorros quente de madrugada e terminando noites com palha italiana, coca cola gelada e filmes românticos. Foi com ela a minha primeira tequila, e a minha última também. E nas noites em que eu não quis sair, você estava lá, presente, mesmo com todos os motivos que tinha pra não estar. E nas noites em que eu quis, tu dançou comigo até o chão. É só por ela que eu suporto sertanejo e pagode. Porque sei que ela continuou lá, mesmo na fase em que eu me recusava a usar cores ou lavar o cabelo.

Sinto a sua falta a cada cinco minutos, especialmente hoje. Saudade imensurável da coleção de quase oitenta esmaltes, de bifes fritos com manteiga, dos gritos que me fazem querer te matar, do jeito que você usa o lápis de cor branco... Da minha família. Quer dizer, sua. Nossa, se você deixar. Afinal, eu te conheço desde sempre. E espero te ter aqui por ainda muitos verões...

Aaah, o verão. Com gosto de tequila, sol e coca cola bem gelada. Regados a maionese, x-tudo e pastel. Confesso ter altos e baixos, chuva e sol, mas, independentemente da sua época (ou da minha época), cara, eu nunca vou esquecer o jeito que a lua faz o cabelo dela brilhar. Nós provamos coisas diferentes, fumamos coisas divertidas... bebemos direto da garrafa, não pensamos no amanhã, e cantamos pelo verão o dia inteiro.

Por fim, queria te agradecer. Não só pelos sorrisos, risadas, sóis, músicas, seriados, noites, fotos, maquiagens malucas... mas também, e especialmente, pelo inverno em que tu, literalmente, esteve aqui quando eu mais precisava. Feito um anjo. Acho que se eu tivesse asas, as arrancaria pra te dar. Fora isso, muito obrigada por todos os outros invernos em que você também esteve aqui. Bem ao meu ladinho, porque 1200 km de distância ainda não são o suficiente pra te tirar de mim.

Eu amo você. Não esquece.

(Renata é, para sempre, minha).

1.3.11

Não é você, sou eu.

Gosto de ti. Não sei direito o motivo, nem sei se preciso de algum. Mas gosto. Deve ser o jeito como nossas mãos se encaixam direitinho uma na outra, ou como você assopra meu pescoço, mordisca minha orelha, segura minha cintura... Quando me chama de 'flor do dia', me beija de olho aberto, sorri com cara de bobo... Gosto.
O problema é que não sei se gosto de gostar. Não é você, meu amor, sou eu. Sei que parece mais uma daquelas desculpas bobas de quem quer terminar o que nem começou, mas não é nada disso. Só pra começar, não quero terminar. Quero gostar de gostar.
Eu te diria que é culpa tua, se não tivesse tanta certeza de que ela é toda minha. Você faz tudo certo, lindinho. Aquele arrepio que sinto toda vez que seus dedos percorrem a lateral da minha barriga não me deixa mentir. Queria te mostrar a bagunça que sou por dentro, por fora e dos lados, só pra te provar aquilo que todo mundo já sabe: Não é você, sou eu. E é só isso mesmo.
É tudo muito novo e muito sentimental. Não tô acostumada com isso, ainda não sei direito como agir perto de você. Por favor, não fica bravo. Tenha paciência. A minha vontade é te ter aqui, mesmo que às vezes precise de um tempo só pra mim. Não te atenderei de vez em quando, porque tem dias nos quais sinto tanto a sua falta que só o timbre da tua voz me lembra que não posso te ver agora. De repente, já vi todos os filmes em cartaz e o meu coração teima em acelerar no peito. E, além de tudo, tem aquele negócio das azeitonas... Se ninguém desistir, não vai dar certo, sabe?
Sou esquisita, meu bem, nunca tentei fingir o contrário. Não vou me desculpar por isso, porque vou fazer tudo de novo, e de novo, e de novo. Eu vou errar feio, errar muito e não vou querer conversar. Vou ficar estranha de repente, precisar de carboidratos na tpm e continuar fumando. Vou te trocar pelas minhas amigas, querer mil tempos e não te dizer. E ainda não vai ser você. Sou eu.
O único problema é que eu continuo gostando muito de você, da gente, apesar de mim. Muito. Tudo que tá errado e mal conversado... Não é você, sou eu. Mas, por favor, fica aqui. Eu quero tentar.

(Boa sorte, Gabriela).