Hoje é, de novo, o dia no qual faltam exatamente 365 pra rir contigo mais uma vez. Detesto esse quase outono, essas águas de março fechando o verão. 18, pra mim. 19, pra você. É engraçado como te tinha aqui há algumas horas, e agora, de repente, já sinto saudades do teu abraço, da tua unha no meu ouvido, do nosso nascer do sol que não deu tempo de assistir.
Minha Renata. Acho que soube desde que me entendo por gente que você foi feita pra mim. Sem segundas intenções, desejos homossexuais ocultos ou pensamentos impuros... É só amizade. Se é que posso chamar a nossa de 'só'. Sei que não preciso de mais nada se tu tiver aqui pra me segurar quando eu cair da escada. Ou escorregar no chão de asfalto. Ela tem um sorriso que me lembra das minhas memórias infantis. Um puta dum sorriso, diga-se de passagem. E é só o começo.
Porque a Renata, caros amigos, é linda de morrer, de matar, de fazer qualquer um querer se suicidar. Do tipo concorrência desleal; do tipo de parar o trânsito; do tipo que eu sentiria inveja, se não sentisse orgulho. O cabelo loiro, enorme, liso, digno de ser balançado numa propaganda de shampoo. (É engraçado me lembrar de quando essa mesma cabeleira tinha piolhos, ou de quando era verde de cloro). Os olhos azul cor de mar sempre cuidadosamente delineados de preto, as orelhas furadas, o piercing na língua, a pele branquinha feito neve. E um corpo que, meu Deus... Ela passa, você perde a linha. Mas ninguém te culpa... Todo mundo já fez a curva junto contigo.
A Rê é pra tudo. De banhos de chuva com gosto de mar, passando por cachorros quente de madrugada e terminando noites com palha italiana, coca cola gelada e filmes românticos. Foi com ela a minha primeira tequila, e a minha última também. E nas noites em que eu não quis sair, você estava lá, presente, mesmo com todos os motivos que tinha pra não estar. E nas noites em que eu quis, tu dançou comigo até o chão. É só por ela que eu suporto sertanejo e pagode. Porque sei que ela continuou lá, mesmo na fase em que eu me recusava a usar cores ou lavar o cabelo.
Sinto a sua falta a cada cinco minutos, especialmente hoje. Saudade imensurável da coleção de quase oitenta esmaltes, de bifes fritos com manteiga, dos gritos que me fazem querer te matar, do jeito que você usa o lápis de cor branco... Da minha família. Quer dizer, sua. Nossa, se você deixar. Afinal, eu te conheço desde sempre. E espero te ter aqui por ainda muitos verões...
Aaah, o verão. Com gosto de tequila, sol e coca cola bem gelada. Regados a maionese, x-tudo e pastel. Confesso ter altos e baixos, chuva e sol, mas, independentemente da sua época (ou da minha época), cara, eu nunca vou esquecer o jeito que a lua faz o cabelo dela brilhar. Nós provamos coisas diferentes, fumamos coisas divertidas... bebemos direto da garrafa, não pensamos no amanhã, e cantamos pelo verão o dia inteiro.
Eu amo você. Não esquece.
(Renata é, para sempre, minha).