Muito prazer, meu nome é outono.

26.7.10

Céu astral

Hoje, 02 de outubro de 2009, eu acordei às seis horas da manhã e, a minha primeira ação do dia foi bater a porra do dedinho na quina da cama. Xinguei, como todo ser humano normal, todos os palavrões possíveis e inimagináveis. Fui tomar banho e percebi que o caralho da energia tinha acabado - o que significava nada de água quente, secador de cabelo ou maquiagem. Muito legal, ir à escola com essa cara de morta-viva uma semana depois de ter tomado um pé na bunda.

Cheguei ao portão do Leonardo da Vinci e encontrei minha querida melhor amiga que nem disfarçou e, de cara, disse “nossa, o que aconteceu com você¿ morreu e esqueceu de cair¿”. Bem brother essa Alice mesmo, ao invés de me apoiar... Mas ok. Culpei a merda da semana de provas, porque, afinal de contas, ninguém tem muito tempo pra ficar se arrumando na semana de provas.

Química, química, física, intervalo, matemática, física, filosofia. Não preciso nem comentar. Como futura aluna de Comunicação Social eu não era lá muito boa em exatas. É, futura aluna. Porque, an... Eu não havia passado no cu da UnB. O que é uma puta duma injustiça, já que eu mereço tanto, me esforço tanto... Mas tanto faz.

Voltei para casa. Era fígado no almoço. Sem brincadeira, FÍGADO. Quais as chances¿ E não só fígado... Era fígado, vegetais cozidos, arroz integral e feijão sem tempero. Uma delícia. Logo hoje que eu tava com uma vontade filha da puta de comer aquele filé à parmegiana... Mas ok, fazer o que, né¿

Resolvi tirar um bendito cochilo porque, afinal de contas, também sou filha de Deus. E advinha¿ Caí da porra da cama. Literalmente. Sonhei que estava caindo e... caí.

Levantei, precisava estudar. Biologia e geografia. O que seria até legal, se eu entendesse alguma porra de biologia e/ou gostasse de pelo menos um dos meus professores de geografia. Mas nãao... Tinha de ser mesmo aquele escroto ridículo do Hércules tentando explicar os problemas na região da Chechênia. QUEM LIGA PRO CARALHO DA CHECHÊNIA¿ OLHA O NOME DO PAÍS, MANO. C H E C H Ê N I A!

Ok. Decorei todos os pequenos nomezinhos sobre o sistema respiratório, todas as doenças do Paulo Ricardo (meu professor de biologia, que jura tem todas as doenças que a gente aprendeu durante o ano, menos disfunção erétil) e o quadrinho imbecil relacionando aquilo com aquilo outro.

Estava prestes a começar geografia porque, afinal de contas, eu não sabia o que era/se era/aonde era a Chechênia... Quando a minha barriga roncou. E é claro que ela roncou, porra. A minha última refeição tinha sido FÍGADO na hora do almoço. Resolvi tirar uma pausa e ir à padaria comer pão de queijo. Porque eu amo pão de queijo. Pão de queijo, todinho e um saquinho pequeno dos mm’s de amendoim. É, era disso que eu precisava.

Fui à padaria e tive sorte pela primeira vez no dia. O pão de queijo estava quentinho, tinha acabado de sair do forno. O todinho tava um gelo e os mm’s na promoção. Uma delícia completa. À essa altura do campeonato, já eram umas 18:30 da tarde. Minha hora preferida do dia, no horário de verão. O sol estava quase se pondo.

Resolvi subir para a cobertura e comer lá. Sair um pouco desse quarto abafado e que cheira à matemática e literatura.

Enquanto esperava por um milagre para resolver todos os meus problemas, problemas e problemas, o sol se punha. E eu percebi que... O por do sol estava mesmo bonito naquele fim de tarde. Foi impossível não sorrir. Sentia-me bem ali, no lugar certo.

E essa é a história de como, por um minuto ou dois, - olhando para aquele misto de rosa, laranja, azul e outros pequenos pedaços da rosácea cromática – eu descobri que a vida é maravilhosa. Maravilhosa de verdade, não do jeito daqueles clichês ensinados nas comédias românticas ou nos textos do Carlos Drummond de Andrade. Maravilhosa de um jeito inexplicável. Tudo – tudo mesmo – é pequeno demais, se comparado com a imensidão da beleza das corres nesse céu.

Foi o meu milagre. Meu pequeno milagre. Não tenho mais problemas, tá tudo dando certo.

(Gabriela é completamente apaixonada pelo pôr do sol)

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