Muito prazer, meu nome é outono.

22.3.10

ela fumava cigarros, ele mascava chicletes...

Não sei como confessar.
Essa história começou há uns bons quatro anos atrás, numa quinta feira de janeiro de 2006... E nenhuma das duas partes sabe se ela realmente existiu. Lembro como se fosse ontem. Ela tinha acabado de fazer escova no cabelo e resolveu andar de bicicleta com as amigas... colocou sua blusa preferida à época (preta, escrita "Be Free" em colorido - onde essa camiseta foi parar?), um short curto demais...
Eles tinham amigos em comum. Não sei o que deu nele pra estar tão longe de casa nessa quinta feira. Sei que agradeço por isso. E também sei que ele namorava e tinha um sorriso maravilhoso. Eles apostaram corrida. Conversaram. Riram.
Ela chegou em casa encantada. Queria adicioná-lo no orkut, mas caramba! Estava apenas no nono ano, não sabia como essas coisas funcionavam... Tanto faz. Adicionou. Trocaram msn. E um acaso do destino a levou a ficar com o melhor amigo dele. Vá entender as garotas...
Nesse meio tempo, o sorriso dele a encantava cada dia mais. Ele ligava pra ela. Lembro-me claramente de um telefonema de três horas... e nenhum silêncio. O gosto musical era o mesmo. Bowling For Soup e Yellowcard eram a trilha sonora dos dois. Ele cantava pra ela ao telefone (não que fosse bom nisso, era péssimo... mas ela adorava!). Ela contava segredos pra ele. Ele dava conselhos pra ela, comentava no fotolog! Uma coisa levou a outra, e ela terminou com o melhor amigo dele.
Ele foi visitá-la nessa semana. Ela morava a apenas três quilômetros da casa de sua namorada... Mas não era a namorada que ele precisava ver. Era ela. Essa tarde foi uma tarde excelente. Mas não existiram beijos.
Ele terminou com a namorada. Não por conta dela, claro. Não estava dando certo a algum tempo.
Ela foi vê-lo nesse dia. Eles andaram de mãos dadas. Mas não existiram beijos.
Ele voltou com a namorada. Ela ficou chateou-se. Justamente quando estava QUASE se apaixonando...
Ela começou a namorar. Ele definitivamente terminou com a namorada. Eles se afastaram, mas ela é que não ia correr atrás, humpf! Orgulho travesso...
O natal chegou, ela colocou tudo pra fora. Ou melhor, digitou tudo pra fora. Em 7 depoimentos. Confessou a falta que sentia das horas ao telefone, do sorriso safado, das brincadeiras, do cabelo liso caindo no olho... Ele respondeu, mas ela não se lembra direito o que disse. Não tinha mais importância. Eles tinham se perdido em meio há tanta gente, nesse mundo malvado. São quase desconhecidos. Ou pior, meros conhecidos.
Ela terminou o namoro. O filho da puta a traiu. Resolveu ligar pra ele.
É mágico o poder do telefone. Uma conversa. Várias risadas. Músicas.
Uma visita, o primeiro beijo.
Aposto que agora você espera uma enlouquente história de amor, estou certa? Bem, você está errado. Acho que eles passaram uns bons meses sem se ver... É que ela ainda não estava pronta. Tinha acabado de perder um ano da sua vida com um garoto que simplesmente não se importava. Mas aconteceu de novo. E de novo.
Mas nunca passou disso. Foram beijos extremamente pessoais... e demasiado amedrontados. Ela tinha medo de se apaixonar.... e não tem a menor ideia do que se passava pela cabeça dele.
Eles se afastaram novamente. Sem motivo. Se perderam, esse mundo é malvado demais...
Ela começou a namorar de novo. Ele também. Não se falaram por um ano e seis meses. One Year, Six Months.
Até que, depois de muito tempo, ela encontrou com ele e a namorada perto de casa. Da casa dele, quero dizer. Ele a reconheceu pela bunda (o que? nunca disse era romântico!). Ela o reconheceu pelo sorriso. Cumprimentaram-se. Meros conhecidos.
Na mesma semana, as coisas começaram a ir mal no relacionamento dela... e um dia, às duas e vinte e sete da manhã, ele também estava online no msn. Bastou um "oi" pra descobrir que não havia motivo pra não poderem ser amigos. Eles eram muito bons em ser apenas amigos. Tirando o magnetismo inegável, ele era fiel o suficiente. E ela medrosa o suficiente.
O relacionamento dela acabou. Ele animou-se com isso, não adianta negar! Começaram as mensagens safadas a chamando pro motel. Ela achou isso ridículo... e engraçado também! Como se ele fosse mesmo capaz de traição. Não me leve a mal, tenho certeza de que o sexo seria excelente. É mesmo uma pena eles nunca terem experimentado. Mas às vezes ele era... fofo. Parecia do tipo que andava de mãos dadas. Ela gostava.
Nesse meio tempo eles se aproximaram novamente. Ele apareceu na casa dela às três da manhã uma vez. Eles andaram de carro ao som de Uwritten Law. 60 km por hora em uma tesourinha. Ela não queria que esse momento acabasse. Nunca. É incrível como ela acabou ficando com outro carinha nessa madrugada... Um estúpido, pra ser honesta. Terrível erro.
Também teve um piquinique em uma tarde ensolarada! Risadas. Sorrisos. Indiretas. Ela gosta dele, mas não daquele jeito. Ele gosta dela também... Eu sei que gosta.
Observação importante: nos dois últimos episódios, eles não estavam sozinhos. E estavam mesmo assim. É engraçado.
Ah! Também houve um dia em que ela telefonou só para lhe dar um abraço. Ok, confesso... receber um abraço. É que o abraço dele é tão... familiar. Ela gosta. Gosta do perfume também. É delicioso. E um outro onde ele foi tomar sorvete com ela... Só pra fazê-la sorrir. Eu sei que foi.
Ela falou com ele na madrugada da véspera de natal, mandou mensagem na noite de ano novo, procurou-o durante 2010... Teve até um sonho envolvendo um daqueles carrinhos de sorvete! Mas não chegou a vê-lo. Por enquanto.
É estranho, mas parece que ela sabia.
Nessa madrugada, quando nada de bom parecia acontecer, a janelinha subiu no msn. E ele estava offline. Falou que pensou em ligar um dia desses, a chamando para comer pizza e depois ir ao motel... ela riu. Perguntou porque não ligou. Ele confessou ter perdido o número. Ela ficou chateada, mas passou novamente. Não ia perder a oportunidade de uma excelente pizza, não é... Ele confessou que pensava nela frequentemente na última semana. Ela gostou de ouvir. Disse que era porque ele a amava, e estava completamente apaixonado. Ele disse: e porque tenho uma nova música preferida do Bowling For Soup. Smoothie King. Parece com eles. Quase tanto quanto One Year, Six Months. Eles trocaram breves declarações. Não sei se de amor, mas com certeza com carinho. Ela agora tem uma foto daquele maravilhoso sorriso em seu celular, para checar a hora que quiser.
Ele foi dormir, ela resolveu escrever sobre os dois.
Infelizmente, a nossa garota ainda não conhece o fim da história. Não acha que terá um fim. É engraçado como são essas paixonites mal resolvidas... Ela espera que algum dia eles possam se encontrar por aí... ambos sem compromisso, sem nada melhor para fazer... e, ao dirigir pela cidade, parem pra comer uma pizza. Passar no motel. Escutar música, tomar sorvete. E ver no que vai dar. Acho que eles devem isso um ao outro. A certeza de que a história ainda não acabou.

Love songs suck and fairy tales aren't true
And happy ending Hollywood is
not for me and you

So add it up and break it down
It's not that hard to figure out
Your crazy and I'm crazy about you




Com todo o carinho do mundo e a delícia da incerteza,
Gabriela.

2 comentários:

  1. Sonhei com essa sua história. E o final era feliz, não importando se juntos ou não. : )

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  2. Que lindo. Essas histrórias feitas para serem eternas são as que mais nos confortam quando a gente precisa.
    A gente sabe que tem um lugar pra voltar.

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